Assisti nesta tarde, NO CINEMA, quando do lançamento em minha cidade. Uma curiosidade que me espreita é que o filme não foi
lançado nacionalmente. "Pipocando" aqui e ali em certos lugares. Sendo por isso compreensível a demora em chegar na minha cidade. Olha! O último filme que assisti dos famosos irmãos diretores italianos Taviani (Vittorio e Paolo) foi o notável César Deve Morrer (2012) baseado em uma peça clássica de Shakespeare Julio Cesar. E não é que três anos após os irmãos novamente filmam um livro clássico. Falo de "DECAMERÃO" de Giovanni Boccaccio. Não tão bom como o anterior. Mas não podemos negar que é sempre uma alegria renovada que assistimos um filme destes notáveis e octogenário diretores italianos. Os caras sempre fazem algo diferenciado. Com um roteiro enxuto, até demais, pois das 100 histórias do Boccaccio filmam tão somente cinco. Mas com os dez personagens do livro. Com uma belíssima reconstituição de época. Iniciado em 1348 em plena peste negra européia. Na cidade italiana de Florença em cores de um vermelho berrante de chamar a atenção mesmo daquele espectador menos habituado em notar tudo aquilo. Todas as histórias falam do amor e suas desilusões. Tudo isso passando em situações muito difícil. Pois a morte sempre está à espreita de suas vidas. São histórias, além disso, que sempre tem um fundo de moral passando pela avareza de seus personagens. Com uma bela fotografia, uma música incidental própria daquela época. Mas em termos técnicos o que chama a atenção é a beleza da direção de arte. Com atores muito bom. Onde destaco as lindas, comoventes e talentosas atrizes. A sempre destacada, e por já ter assisti outros filmes, a chamada Jasmine Trinca. E Paola Cortellesi que faz o papel da cínica Badessa Usimbalda. Realmente um papel sensacional pelo carácter hipócrita. No mais é filme que poucos assistem. O que certamente é uma coisa lamentável mesmo!

Um filme que podemos classificar como sendo de arte pura. Inspirados na obra Decameron, de Boccaccio, os irmãos Paolo e Vittorio Taviani nos presenteiam com imagens belíssimas, atores idem, mas com cinco histórias irregulares. A primeira é sombria, mas bonita; a segunda, hilariante; a terceira, de um amor trágico; a quarta e uma das melhores, na minha opinião, é a que se passa numa abadia, porque contém doses de amor, erotismo e ironia; e a quinta e também muito boa mostra do que um amor é capaz. Linda fotografia, mas o final da comunidade que se formou fica um tanto aberto. Mesmo assim, a qualidade desse filme é superior à de muitas produções atuais.

Belíssimo filme, com abundância de luz e cor, e com uma técnica que raramente me agrada, mas, aqui se encaixa com perfeição: mescla de teatro e planos distantes. Uma obra prima!