O filme é bom, mas tem partes que se arrastam e na minha opinião ficou meio monótono.

Uma das três maiores cantoras de todos os tempos (as outras duas, Edith Piaf e a nossa Elis Regina), Billie teve uma vida dilacerada. Seu pai tinha dezessete anos quando ela nasceu. Logo depois ele abandonou a família. A infância e a adolescência ficaram marcadas para sempre. Billie foi violentada duas vezes, aos dez e quatorze anos. Engravidou aos quinze, abortando. Viveu nas ruas e precisou se prostituir. Ao cantar a belíssima "Strange Fruit" (a música do século segundo a revista Time em 1999) que denunciava os linchamentos dos negros, entrou em choque com o governo americano, que enxergava na canção o estopim para que a população americana se revoltasse contra o sistema. A canção está relacionada à cena mais impactante do filme. Viciada em álcool e drogas pesadas, Billie acabou perseguida implacavelmente pelo Departamento de Narcóticos, sendo inclusive presa. O filme é dirigido por Lee Daniels do excelente "Preciosa" e aborda os últimos anos de Lady Day. No papel de Billie, Andra Day tem um desempenho extraordinário, com uma entrega total. Andra ganhou o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Drama e concorreu ao Oscar de Melhor Atriz em 2021, perdendo para Frances McDormand. Só mesmo uma Day para interpretar outra Day de forma tão magnífica. Daria quatro estrelas para o filme, mas, pela orquídea branca que Billie sempre usava e por ouvir as canções que Billie cantava. Vale mais uma estrela.

O certo é a população negra americana se revoltasse contra o sistema.